5.27.2006

Enquanto escrevo, a vida se desenrola lá fora e eu me perco um pouco mais aqui dentro. O papel é minha realidade e as linhas que rabisco, meu des(a)tino, traçado na incerteza que envolve a pontuação que vem a seguir.

5.21.2006

Perdas


seus olhos vermelhos sangraram minha existência hipócrita
e as palavras perderam o sentido quando te vi
pra que dizer o que nem sei se sei que você não vai ouvir?
ou entender melodias que não sei cantar
e te encantar não é mais que correr ao redor de si mesmo...
e desabar, tonta, em vão
no vão de algum corredor
onde a dor corre ao meu encontro
mais uma vez ouço um som
que é como a tormenta de dias sem cor
esquecidos como eu
gritos que quebram o meu silêncio mais profundo
pra que dizer as mesmas rimas
os mesmo versos e canções
já citados por alguém
e cair em clichês bobos?
de qualquer forma o maior clichê sou eu
o lugar-comum de todos os lugares banais
serei ininterruptamente redundante
batendo forte a cabeça na parede
rindo de minhas lágrimas
: é pra suavizar a minha dor

no varal ainda restam algumas lembranças
o reencontro é sempre um doce e doloroso adeus
despedidas geralmente me deprimem.

5.17.2006


Dolores
a dor me inspira me deixa mais bonita que de costume ardor nos momentos de ira e paixão a cor dos dias de chuva ou púrpura mancha que corrompe o tecido nunca antes molestado arpoador da minha melancolia ria ao me ver traçar essas linhas encorajadas por ti infame chaga que assola os puros de coração adorardoracorarpoador a...or... esqci.

5.06.2006

CotidiANAmente
Eu adorava ver o seu sorriso e o leve movimento de seus lábios me chamando de idiota. Você odiava a xícara de café esquecida na mesa da sala e como eu molhava todo o quarto depois do banho.
Eu amava aquela sua foto P&B ao lado da cama – seus olhos perdidos me deixavam inquieto imaginando no que estaria pensando.
Você gostava de me irritar falando alto ao telefone. Quanto constrangimento me causou por causa do seu ciúme sem razão – eu só via você! Mas ninguém disse que tínhamos de ser perfeitos...
Ainda sinto seu frescor nos lençóis, mas a cama está vazia. A música que ouço pela manhã não é mais o som da sua voz rouca sussurrando ao meu ouvido. Você não está mais nem ao lado da cama em tons de cinza.
Não há ninguém pra me xingar. Não com a sua delicadeza quase infantil. E eu não tenho me irritado com o barulho do telefone que tocava a todo instante. Porque agora o silêncio grita alto demais...