6.30.2006

No meio do caminho

Éramos três crianças perdidas na imensidão da noite. A lua iluminava nossos passos titubeantes. Eu quase caí e você me segurou tão forte que suas unhas ficaram cravadas em minha pele. Ela caminhava sempre na frente. Nunca olhava para trás, para nós. Mas você também olhava pouco pra mim, que estava há km de vocês. E assim íamos os três seguindo pela estrada sem acostamento. Cada um em sua faixa, respeitando os limites de cada linha traçada no asfalto. Chegamos a algum lugar chamado Paraíso. Havia pessoas nas calçadas de casas pequenas e engraçadas. Elas olhavam para nós, curiosas. Mas não havia nada de interessante para se descobrir ali. Éramos só crianças perdidas... Paraíso era um bom lugar para se viver, mas eles não queriam ficar. E ainda não era hora de nos separarmos. Então, seguimos mais uma vez pela estrada, mas agora era dia. Eu corri sem rumo, gritando muito. Os dois ficaram para trás. Juntos. Sentei mais adiante para esperá-los. Ela me olhou e disse alguma coisa que não entendi. Ela sempre dizia alguma coisa que eu não entendia. E eu nunca perguntava o que ela queria dizer. O gosto do asfalto quente estava impregnado em nossos hálitos. O sol escaldante nos trazia miragens de um provável fim de jornada. Mas ainda havia muito o que caminhar e a estrada a cada passo parecia prolongar-se um pouco mais. Paramos um instante na margem de um rio esquecido como nós. Já era noite e as luzes dos postes penetravam profundamente a água e, como grandes e radiantes pilares, pareciam sustentar aquele imenso rio. Faltava para nós pilares como aqueles. Faltava um pouco daquela luz para banir o breu de nossas noites melancólicas. Fogos despontaram no céu de repente. Ele nos pegou pelo braço e rodopiamos embriagados de sede. Três crianças em êxtase. Caímos na grama, exaustos, e contemplamos os pontos brilhantes que surgiam sobre nossas cabeças. Quando acordei, reparei na delicadeza com que ele a abraçava e no doce sorriso que ela estampava, como sempre desdenhando de minha fraqueza. Eles já estavam km à minha frente. E foi na bifurcação à diante que percebi que o meu caminho era o da esquerda. Não olhei para trás. Sigo em paz agora.

6.14.2006

DESCRIÇÃO

sou uma canção triste que faz alguém chorar
os sentimentos que essa canção faz despertar
o amor não correspondido
esforço não medido
alguém que vive a esperar

sou o desespero que leva à loucura
lágrima sempre tão pura
tristeza que leva à morte
contrário da sorte
sou do comercial... a censura

sou angústia... fraqueza
ferida que não cicatriza
sou o medo da vida
a esperança que vive perdida
sou o fracasso completo.

6.09.2006

Hoje fui assaltada. Foi tudo muito rápido. Levei uma pezada nas costas qua tá doendo até agora! É foda!!! Levaram tudo: documentos (todos!), grana (muita!), celular (que eu já queria trocar mesmo!) e meu óculos (tô ceguinha aqui!). Enfim, até a sorte tava falando sobre isso hoje por aí. Embora eu não acredite muito nessas coisas... Tá, eu só queria dizer pra vocês tomarem cuidado por aí. Principalmente se for cedo do dia. Não. Tomem cuidado em qualquer momento, onde estiverem. A gente nunca sabe quem tá sacando a gente por aí!

6.05.2006

Se...

Se eu tivesse a imensidão do mar...
Me perderia em meu pensamento, ouvindo o vai-e-vem das ondas... E naufragaria em solidão.


E se eu tivesse um céu cinza?
Escreveria uma poesia melancólica... Como todas as outras...

Se eu tivesse apenas um instante?
Faria dele eterno! Mas sei que, por mais que quisesse, ele seria pequeno demais para os meus anseios e, efêmero, acabaria antes mesmo de dizer-te o quanto te a...ah!


E se eu te desse a leveza de uma folha seca ao vento?