1.14.2007

FEITO NUVEM

O tempo parou pra eu te ver – linda! – passar, toda vestida de azul.
Você sorriu, mas não sei ao certo se foi pra mim. Acho que não. Seus passos, leves, hipnotizam meu olhar, que te acompanham ao atravessar a rua.
Onde será que ela vai?
Não importa. Ela não me leva consigo, mas eu vou com ela mesmo assim, seguindo seu caminhar perdido pelas ruas da cidade.
Você é tão perdida quanto eu. Talvez ainda não saiba disso.
Pensa que é feliz!
Seu vestido dança a cada movimento de pernas. Seus olhos registram os transeuntes, mas ninguém em específico. E eu sou apenas mais um vulto.
Ela é feita de sol e brisa. Seu brilho fere meus olhos e seus cabelos suspensos no ar me deixam tonto. Fico assim, inebriado com sua presença fantasmagórica. As palavras saem soltas, todas de uma vez, mas nenhuma chega a seus ouvidos. Você corre cada vez mais, agora pela areia da praia. Seu vestido azul se confunde com o mar – ou seria com o céu? Já não sei o que é céu ou chão.
Meus olhos se fecharam por causa da areia que voou quando você correu. No instante seguinte, você havia desaparecido, feito as nuvens de algodão doce que minha mãe fazia nos dias de festa. Deve ter voltado para os meus sonhos. Por que é que você sempre foge quando tento te alcançar?