Sempre pensei em como seria o dia em que sairia de casa. Achava que seria após o casamento, mas foi outro tipo de compromisso que me tirou do lar: o trabalho. E não foi só de casa que saí... Foi do Estado.
Em comitiva, família, amigos e o noivo me acompanharam até o aeroporto. Foi um trajeto difícil. Aquelas ruas tão familiares me levavam agora a um mundo de incertezas, de mãos dadas comigo, assim como as pessoas queridas à minha volta.
Ver aqueles que sempre lutaram por mim e comigo com os olhos vermelhos e marejados, me fragilizou deveras. Queria dizer: "tudo bem, a gente se prepara a vida inteira para esse momento natural". Mas eu não estava preparada.
E como uma criança perdida em praia num dia de domingo, eu chorei desesperadamente.
Mais tarde, sozinha, ao voar sobre a noite de minha velha e boa cidade, constatei a beleza daquele mapa luminoso e parti rumo ao desconhecido. Sou uma folha em branco novamente.