11.20.2007

FUMAÇA


Minha vida é cercada por sinais de fumaça que se perdem com a garoa da tarde.
O chão molhado alivia o que o fogo não conseguiu queimar. E foi tão pouco...
Tão pouco é o tempo que me resta nesse quarto fechado, entre paredes verde-esperança que já não há. Entre fios e tubos que me sufocam. O ar não é mais tão leve como outrora.
Meu corpo é quente. Não como os dias de verão em que meus pais me levavam à praia. O mar não pode mais me refrescar. Talvez apenas sua lembrança.
Mas o que é, então, o lembrar se não chama que arde sem nunca cessar?
É como palavra proferida insanamente e palavra é fogo: queima, impiedosa, o meu silêncio involuntário.
Estou presa, sufocando nesse quarto sem janelas. As minhas estão trancadas por essas pequenas cápsulas de alívio instantâneo.
Meus braços, não os sinto mais. Eu, que achei que nunca precisaria de abraços...

3 comentários:

Luana! disse...

Uma nova corrente apareceu para isentar o homem da culpa única do aquecimento global. Segundo essa corrente, o sol está sofrendo um superaquecimento, que, obviamente, não tem nada a ver com o homem. Certamente, teremos q ir para os trópicos gelados. Quem sabe assim esse fogo que te consome se apague e tu vire fumaça de vez.

*^.^*

Anônimo disse...

Rss... Fala Sereia! O importante é nunca perdermos o ímpeto. Colocar no papel aquilo que nos pega de supetão. Aquilo que nos faz enxergar a surpresa e nos coloca a missão, nada fácil, de rabiscar papéis.... Gostei do que li aqui, e realmente você continua dando asas ao seu estilo. Uma preciosidade o eSQCer. Quando estiver na Ilha queria muito vê-la. Bjos

elenmateus disse...

Ué, vc num vai mais postar nada poraqui não??? (desde o ano passado este ultimo post...)