Minha vida é cercada por sinais de fumaça que se perdem com a garoa da tarde.
O chão molhado alivia o que o fogo não conseguiu queimar. E foi tão pouco...
Tão pouco é o tempo que me resta nesse quarto fechado, entre paredes verde-esperança que já não há. Entre fios e tubos que me sufocam. O ar não é mais tão leve como outrora.
Meu corpo é quente. Não como os dias de verão em que meus pais me levavam à praia. O mar não pode mais me refrescar. Talvez apenas sua lembrança.
Mas o que é, então, o lembrar se não chama que arde sem nunca cessar?
É como palavra proferida insanamente e palavra é fogo: queima, impiedosa, o meu silêncio involuntário.
Estou presa, sufocando nesse quarto sem janelas. As minhas estão trancadas por essas pequenas cápsulas de alívio instantâneo.
Meus braços, não os sinto mais. Eu, que achei que nunca precisaria de abraços...
11.20.2007
FUMAÇA
8.15.2007
Quero amar intensamente, perdidamente. Tantas e quantas vezes a loucura de amar me permitir. (Devaneios na solidão de um ônibus)
A penumbra delineia seu corpo nu, debruçado sobre a cama, sua brancura se destaca na escuridão do quarto.
Eu toco sua pele, impregnada de suor – num movimento involuntário você se mexe, como se me dissesse para não tocá-lo. Parece que me repudia depois do exaustivo e prazeroso ato.
Tento dormir, mas há tanta coisa em minha mente...
Deitada de frente pra você, admiro seu semblante sereno. O desenho – perfeito! – de seus lábios me causa calafrios.
Você, enfim, abre os olhos, fixa-os nos meus e diz que me ama. Você é tão lindo depois do sexo!
Sua mão toca meu rosto e, em seguida, meu seio. Sinto um arrepio e me perco novamente em seus braços.
Os dias têm sido mais claros e a brisa mais suave...
A penumbra delineia seu corpo nu, debruçado sobre a cama, sua brancura se destaca na escuridão do quarto.
Eu toco sua pele, impregnada de suor – num movimento involuntário você se mexe, como se me dissesse para não tocá-lo. Parece que me repudia depois do exaustivo e prazeroso ato.
Tento dormir, mas há tanta coisa em minha mente...
Deitada de frente pra você, admiro seu semblante sereno. O desenho – perfeito! – de seus lábios me causa calafrios.
Você, enfim, abre os olhos, fixa-os nos meus e diz que me ama. Você é tão lindo depois do sexo!
Sua mão toca meu rosto e, em seguida, meu seio. Sinto um arrepio e me perco novamente em seus braços.
Os dias têm sido mais claros e a brisa mais suave...
7.02.2007
Tambor de Crioula
M. MARAVILHASterra do babaçu
do cacuriá
tambor-de-crioula
e do bumba-meu-boi
ah, Maranhão!
terra de um homem só
lugar onde o passado se faz presente
se até hoje os teus mares têm dono
quando há de ser paga tua alforria?
há quem diga que no Maranhão não há verdade
é terra onde até o sol mente!
“M. Maranhão, M. Murmurar, M. Maldizer, M. Mexericar, e, sobretudo, M. Mentir”
como refutar
se também o dicionário aplica sua sentença?
em meio à miséria... a beleza inocente de uma terra humilde
como um diamante bruto te apresentas
terra das palmeiras
M. Maranhão de Muitas Maravilhas!
Maranhão de poetas
de súplicas a Deus
por um dia a mais para o canto dos pássaros ouvir
Maranhão onde o amor
a alegria
e a saudade têm o seu lugar
Maranhão de Josés
Ferreiras
Machados
e Dias
dias e dias a declamar poesias!
terra de lençóis tão brancos quanto a areia do mar!
lugar onde a segunda pessoa se faz primeira
e mais importante
ah, Maranhão!
quantos em teus encantos se perderam!
quantos em teus mares de águas turvas já morreram!
ao mesmo tempo em que és belo
ó Maranhão
és também traiçoeiro.
5.31.2007
Ação de reintegração de posse de terras na “invasão Vila do Povo”, Paranã
D. Francisca das Chagas, 36, desmaia ao ver sua casa ser demolida. O filho, Francisco das Chagas, 13, se desespera com a dor da mãe (FOTO: Douglas Jr.).
Uma casa foi derrubada. Uma família desolada. E os donos de terra continuam com suas imensas propriedades vazias.
Até quando mães terão que morrer por uma vida digna? Até quando seus filhos terão que chorar por um sonho desfeito?
Derrubam-se casas e os alicerces de uma família inteira em troca de status. Que realidade é essa, distorcida? Que palavras estão usando, que não consigo entender? Estarei ficando cega ou com problemas de audição? Então, que gritos são esses que ouço da janela do meu quarto?
5.15.2007
PONTO DE VISTA
A vida é uma viagem e você tá sempre correndo de um lugar para o outro. Algumas vezes se perde, outras acaba se encontrando de vez. O problema é quando você passa tão rápido que não enxerga as placas de sinalização e aí termina dentro do 1º burado do asfalto. Ou quando a vegetação tá muito alta na beira da estrada e, por isso, você distorce as poucas coisas que consegue ver através dela.
Quando o dia tá claro, a viagem é agradável e dá até pra sentir o perfume das flores que a gente encontra no caminho. Mas quando chove e escurece, dependendo da velocidade em que você viaja, e das condições da estrada, pode ser que você fique preso na lama, atolado.
Foi preciso pegar a estrada para ver como a vida é, como as coisas são.
Ainda tem muita cidade pra conhecer e alguns buracos pra desviar. Ou cair...
Tomara que eles não sejam fundos demais.
3.07.2007
Cultaminação
Pra que rabiscar versos sem sentido se nem eu, você ou qualquer outro entenderá o que há no poema? Se a poesia fugiu numa dessas gramáticas cotidianas repletas de regras de sintaxe...
Fingi-se compreender os absurdos de uma ½ dúzia de cultuadores de uma seita esquizofrênica ou funda-se uma nova religião de fundo de quintal. O que dá no mesmo.
Fingi-se compreender os absurdos de uma ½ dúzia de cultuadores de uma seita esquizofrênica ou funda-se uma nova religião de fundo de quintal. O que dá no mesmo.
2.03.2007
Prece
Perdida
Entre homens, pedras e algumas poucas flores
Senhor, a água está muito fria
E a sede me consome
O que há para beber?
Minhas pernas vacilam
Meus ossos quebram a cada queda
E os teus ouvidos, Senhor...
Minha prece tem chegado a eles?
A chuva é um triste lamento
Que não suporto mais ouvir
Eu não posso mais
Minhas mãos não guardam
Nenhuma esperança
Estou perdida
Para onde caminhar?
Meus passos
Não Te encontram
Onde estás?
Onde estou, Senhor?
Longe, tão longe...
E a água é muito fria
Sigo pelas encostas
Escorregando algumas vezes
No lamaçal que me envolve
Podes me ouvir, agora?
O ar me sufoca
A água está fria
Mas meu coração queima
Dentro do peito
Podes me ouvir?
Ou estou perdida?
1.14.2007
FEITO NUVEM
O tempo parou pra eu te ver – linda! – passar, toda vestida de azul.
Você sorriu, mas não sei ao certo se foi pra mim. Acho que não. Seus passos, leves, hipnotizam meu olhar, que te acompanham ao atravessar a rua.
Onde será que ela vai?
Não importa. Ela não me leva consigo, mas eu vou com ela mesmo assim, seguindo seu caminhar perdido pelas ruas da cidade.
Você é tão perdida quanto eu. Talvez ainda não saiba disso.
Pensa que é feliz!
Seu vestido dança a cada movimento de pernas. Seus olhos registram os transeuntes, mas ninguém em específico. E eu sou apenas mais um vulto.
Ela é feita de sol e brisa. Seu brilho fere meus olhos e seus cabelos suspensos no ar me deixam tonto. Fico assim, inebriado com sua presença fantasmagórica. As palavras saem soltas, todas de uma vez, mas nenhuma chega a seus ouvidos. Você corre cada vez mais, agora pela areia da praia. Seu vestido azul se confunde com o mar – ou seria com o céu? Já não sei o que é céu ou chão.
Meus olhos se fecharam por causa da areia que voou quando você correu. No instante seguinte, você havia desaparecido, feito as nuvens de algodão doce que minha mãe fazia nos dias de festa. Deve ter voltado para os meus sonhos. Por que é que você sempre foge quando tento te alcançar?
Você sorriu, mas não sei ao certo se foi pra mim. Acho que não. Seus passos, leves, hipnotizam meu olhar, que te acompanham ao atravessar a rua.
Onde será que ela vai?
Não importa. Ela não me leva consigo, mas eu vou com ela mesmo assim, seguindo seu caminhar perdido pelas ruas da cidade.
Você é tão perdida quanto eu. Talvez ainda não saiba disso.
Pensa que é feliz!
Seu vestido dança a cada movimento de pernas. Seus olhos registram os transeuntes, mas ninguém em específico. E eu sou apenas mais um vulto.
Ela é feita de sol e brisa. Seu brilho fere meus olhos e seus cabelos suspensos no ar me deixam tonto. Fico assim, inebriado com sua presença fantasmagórica. As palavras saem soltas, todas de uma vez, mas nenhuma chega a seus ouvidos. Você corre cada vez mais, agora pela areia da praia. Seu vestido azul se confunde com o mar – ou seria com o céu? Já não sei o que é céu ou chão.
Meus olhos se fecharam por causa da areia que voou quando você correu. No instante seguinte, você havia desaparecido, feito as nuvens de algodão doce que minha mãe fazia nos dias de festa. Deve ter voltado para os meus sonhos. Por que é que você sempre foge quando tento te alcançar?
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